
Cursed: a fantástica história de Nimue | Diagnóstico | 1ª temporada
Um dos últimos lançamentos da querida Netflix foi a série Cursed, uma adaptação da história do Rei Arthur. Falar assim, no entanto, miniminiza a potencial da premissa da série. Mas não coloquemos a carroça na frente dos cavalos e vamos por partes.
Nimue (Katherine Langford) é uma feérica, habitante de um vilarejo em que a magia faz parte do DNA. Contudo, em um mundo medieval tomado pelas Cruzadas cristãs, a magia é um inimigo. Os Paladinos Vermelhos, uma força católica de batalha com intenção de espalhar o catolicismo, invadem o vilarejo da menina e o destrói. A mãe de Nimue, a sacerdotisa local, em seu leito de morte a incumbe de entregar uma espada importantíssima para Merlim, conselheiro druida do rei.
Assim começa a jornada da jovem feérica, perseguida pelos Paladinos, eliminando-os com a ajuda da espada e sua magia, ficando conhecida como a Bruxa do Sangue de Lobo – a inimiga número um da Igreja. Ela encontra, no entanto, aliados: um ladrão e trapaceiro, Arthur, e sua irmã, apoiadora do povo feérico, Morgana.
Cursed é uma adaptação histórica?

Uma das coisas que fiquei me questionando sobre essa série é a abundância de lendas aplicadas em um período histórico real. As Cruzadas foram um momento importante na história do cristianismo, mas imensamente sangrento e cruel. Além disso, a série aplicou os reis dos feudos e mostrou a sua falta de força e potência ao contrário do momento da Modernidade.
Por outro lado, o mundo mágico recheados de povos provenientes dos elementos da natureza e a lenda icônica do rei Arthur e sua Excalibur contrastam o cenário da Idade das Trevas como fagulhas de esperança. Uma esperança sangrenta por, a princípio serem mais fracos.
A protagonista: heroína, donzela em defesa ou guerreira corajosa
Uma das críticas que li antes de começar a assistir Cursed dizia algo sobre a Netflix prometer uma grande guerreira bruxa e apresentar uma mulher sempre em apuros esperando o seu super herói. Eu infelizmente não em lembro onde li isso, mas ficou na minha cabeça. E quando dei o play fiquei com medo do que eu veria.
Com o passar da série, porém, eu abri minha mente e lembrei que uma mulher pode ser tudo isso junto. Os diferentes momentos da vida impactam a gente de diversas formas e às vezes nós lidaremos com os problemas sozinhas, com nossas próprias excaliburs, e às vezes precisaremos, sim, ser salvas. O mito da mulher perfeita, dona do poder, é nada mais, nada menos que um mito. A força de uma mulher vem da sua capacidade de ser o que ela quiser ser, quando precisar ser. Inclusive, Nimue.
Nimue viu sua realidade acabar num piscar de olhos e precisou deixar de ser uma jovem que só lidava com seus problemas locais de repente. É compreensível que ela esteja frágil e exale fragilidade. Ainda assim, eu a achei uma personagem extremamente determinada e que promete uma liderança que foi crescente na primeira temporada. Liderança essa cultivada pelos desafios e pela compaixão.
Os personagens secundários, os cenários secundários

Claro que Nimue é grande estrela da série, contudo, os personagens secundários também brilham em Cursed. Morgana começa a história como uma freira rebelde, Arthur – supostamente nosso Rei das lendas – provem de uma origem humilde e acabou bem encalacrado com homens maus e poderosos; e Merlim não é o bom velhinho do desenho da Disney.
O desenvolvimento da série, mesmo com um início confuso e com muitas informações, é envolvente e bem trabalhado. Tantos os vilões quanto os mocinhos são complexos e cheios de camadas. A mitologia um tanto cheia pode demorar um pouco para ser compreendida pelo espectador, mas quando tudo se assenta, o ambiente te abocanha e você é jogado em cidades medievais e florestas temperadas. Se você é um amante do período e de fantasia é um prato cheio – só não pode ter nojinho de sangue e tripas porque, olha, compete cara a cara com Tarantino.

Curiosidade: Cursed é baseada no livro de mesmo nome de autoria de Thomas Wheeler e Frank Miller. Conheça clicando aqui.

